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A Aprendizagem Invertida: Características e Mitos

aula invertida

A Aprendizagem Invertida (Flipped Learning) é uma abordagem pedagógica em que a instrução direta passa da sala de aula para o espaço de estudo individual de cada aluno. A sala de aula passa a se transformar em um ambiente mais dinâmico e interativo onde o educador guia os seus alunos enquanto estes aplicam os conceitos previamente estudados e se engajam de forma colaborativa.

Com a diversificação e a proliferação de novas tecnologias e meios de aprendizagem muitos países já vêm adotando amplamente o conceito de sala de aula invertida em que os alunos estudam os conteúdos básicos antes da aula, através de vídeos, textos, arquivos de áudio, games e outros recursos. Em sala, o professor aprofunda o aprendizado através de exercícios, estudos de caso e conteúdos complementares, além de esclarecer dúvidas e estimular o intercâmbio entre os alunos.

Este modelo baseado em tecnologias e que defende que o aluno aprenda com mais autonomia é defendido por estudiosos há décadas, porém, no Brasil ainda vemos, na grande maioria das instituições de ensino, o antigo modelo em que o professor expõe os conteúdos e os alunos ouvem e anotam explicações para, em seguida, estudar e fazer exercícios.

Para exemplificar, em Harvard, nas classes de cálculo e álgebra, os alunos inscritos em aulas invertidas obtiveram ganhos de até 79% a mais na aprendizagem do que os que cursaram o ensino tradicional. Já o MIT (Massachusetts Institute of Technology) considera a Flipped Classroom fundamental no seu modelo de aprendizagem. O método também vem sendo testado em países que demonstram elevado desempenho em educação, como Canadá, Singapura e Holanda.

A sala de aula invertida se baseia em 4 pilares fundamentais segundo a Flipped Learning Network:

Ambiente Flexível

A sala de aula invertida permite a adoção de uma variedade de tipos de aprendizagem. Os educadores normalmente rearranjam fisicamente a sala de aula para organizar os alunos adequadamente para uma tarefa individual ou em grupo. O educador cria condições para que muitas vezes fique a critério do aluno decidir quando e onde aprender.

Cultura de Aprendizado

No modelo tradicional de ensino o professor é o personagem central, além de fonte principal de informações. Contrastando este modelo, a aprendizagem invertida coloca o aluno como personagem principal e a transforma o momento em sala de aula em uma oportunidade para explorar mais profundamente os temas de estudo e criar uma aprendizagem mais enriquecedora. Desta forma, os alunos são envolvidos ativamente na construção do conhecimento na medida em que participam e avaliam o seu aprendizado de modo mais significativo.

Conteúdo Intencional

Os educadores que aplicam a aprendizagem invertida normalmente procuram pensar e definir como utilizar o modelo para ajudar os seus alunos a desenvolverem um melhor entendimento conceitual e processual. Eles determinam o que deve ser explorado em sala de aula e quais materiais devem ser explorados pelos alunos no momento de auto estudo. Os educadores utilizam conteúdos intencionais para aproveitar ao máximo o tempo em sala de aula e assim adotar modelos centrados nos alunos e estratégias para a aprendizagem ativa de acordo com o nível de profundidade dos temas abordados.

Educador Profissional

O papel do educador profissional ganha uma importância ainda maior no contexto da sala de aula invertida. Atividades como a observação dos alunos e o feedback constante e relevante nos momentos certos são atribuições importantes do educador que precisa estar preparado para se atualizar constantemente, aceitar críticas construtivas e tolerar um certo nível de caos controlado na sala de aula. Apesar do educador não ser colocado como o personagem principal ele continua a ter um papel fundamental para que a sala de aula invertida funcione.

Desmistificando os 7 mitos sobre a Sala de Aula Invertida

O conteúdo abaixo foi originalmente escrito por Julie Schell, expert em Sala de Aula Invertida, traduzido para o Português por Maykon Müller.

Mito 1: Salas de Aula Invertidas estão essencialmente relacionadas com a disponibilização de aulas expositivas em vídeos online.

Desmitificado: Salas de Aula Invertidas podem se valer da disponibilização de aulas expositivas em vídeos online e fazer com que os estudantes realizem o “trabalho de casa” em aula, porém elas podem, e devem ser muito mais do que isso. Métodos baseados em pesquisa em ensino para inverter sua aula incluem o Ensino sob Medida (Just-in-time Teaching) e a Instrução pelos Colegas (Peer Instruction).

Mito 2: Você precisa inverter sua aula inteira.

Desmitificado: Você pode inverter apenas um conceito ou um tópico, alguns ou todos. Quando você está começando com o ensino invertido é uma boa ideia selecionar apenas um conjunto de conceitos principais, ou tópicos, que são mais difíceis para os estudantes e partir desse ponto.

Mito 3: Os estudantes irão adorar não ter aulas expositivas em sala de aula.

Desmitificado: Embora a maioria de nós já tenha presenciado uma sala de aula cheia de alunos entediados, quase adormecidos ao assistirem nossas exposições orais, ao tentar inverter sua aula você poderá enfrentar resistências por parte dos estudantes, especialmente, quanto à exigência por mais aulas do tipo expositivas.

Mito 4: Salas de Aula Invertidas são a última tendência educacional.

Desmitificado: A primeira inovação incitada para a cobertura de informação fora de sala de aula e práticas orientadas apareceram em torno do final do século XIX, com o método de estudos de caso. Gravações prévias de exposições orais, para serem assistidas fora de sala de aula, aparecem na literatura por volta do ano 2000 DC.

Mito 5: Existe apenas uma maneira de inverter uma aula.

Desmitificado: De acordo com Bergmann e Sams 2012, existem diversas maneiras de inverter uma aula e não apenas uma. Bergmann recentemente postou sua definição aqui. Ele ratifica “veja, não há apenas uma maneira de inverter uma aula e é nisso que reside um dos pontos fortes desta metodologia”. A Instrução pelos Colegas é, sem dúvidas, nossa maneira favorita de inverter a sala de aula. Entretanto, nós também somos grandes fãs da metodologia de ensino baseada no trabalho em grupo (team-based learning) e no desenvolvimento de projetos (Project-based learning).

Mito 6: Salas de Aulas Invertidas substituem docentes por computadores.

Desmitificado. Esse não é realmente o caso. Em uma sala de aula invertida, os professores são essenciais e realizam as mesmas tarefas que fariam em ambientes de ensino tradicional, tais como auxiliar a aprendizagem dos estudantes, selecionar e cobrir conteúdos e avaliar o desempenho dos estudantes. A diferença mais importante é que em uma sala de aula invertida aproveita-se de forma diferente as competências do professor dentro e fora do ambiente escolar. A aprendizagem invertida opera a partir do pressuposto de que a cobertura de conteúdo ocorre principalmente fora da sala de aula e deve ser uma tarefa compartilhada com os alunos ao invés de um trabalho exclusivo do professor.

Mito 7: Os estudantes não irão trabalhar fora de sala de aula, mesmo valendo nota. Desmitificado: Um membro da rede Instrução pelos colegas, Prof. Ives Araujo, também pensou dessa forma. Então, por um semestre ele avaliou o comprometimento e o engajamento de seus estudantes em atividades prévias às aulas durante um curso com duração de um semestre. Em média, a grande maioria dos estudantes realizou as atividades prévias e demonstrou grande esforço. Desde então, ele passou a observar o mesmo tipo de engajamento nas salas de aula do ensino médio. No entanto, encontramos a necessidade de atribuir notas como fator de incentivo para a realização das atividades.

Referências:

7 Mitos sobre a Sala de Aula Invertida

Flipped Learning Network

Sala de aula invertida: a educação do futuro

Equipe Clarity Solutions

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