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Entenda o modelo ADDIE para Desenho Instrucional

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Há muitos anos que educadores e designers instrucionais seguem o modelo ADDIE como um guia para o design e a gestão de projetos educacionais. O nome do modelo é uma sigla em inglês para: Analyze (Análise), Design, Develop (Desenvolvimento), Implement (Implementação) e Evaluate (Avaliação).

Esta sequencia, no entanto, não impõe uma progressão rígida e linear entre cada etapa. Ao invés disso, cada fase consiste em uma clara orientação sobre ela mesma. Isso significa que mesmo que um profissional aplique o ADDIE no meio de um projeto, será possível obter benefícios que garantam o senso de estrutura do programa em questão como um todo.

Educadores geralmente consideram esta abordagem muito útil já que a definição clara das etapas permite uma implementação mais efetiva das instruções. Na prática, o modelo ADDIE para Desenho Instrucional atingiu uma vasta aceitação em muitos lugares do mundo, inclusive no Brasil.

O conceito de Desenho Instrucional surgiu na década de 1950, porém até 1975 o modelo foi utilizado exclusivamente pelo Exército Norte Americano. O ADDIE foi desenhado pela Florida State University para atender o Exército Norte Americano, e em seguida o modelo foi ampliado para as demais entidades militares norte-americanas.

Atualmente, a influência do modelo pode ser vista em muitas metodologias de Design Instrucional encontradas na indústria. O objetivo principal era finalizar cada uma das etapas antes de iniciar a próxima. O modelo ADDIE original possuía sub-etapas para cada uma das 5 fases principais, que por sua vez são originárias de um modelo mais antigo conhecido como “Abordagem dos 5 Passos” (Five Step Approach) desenvolvido pela Força Aérea Americana.

Com o passar do tempo, muitos praticantes passaram a aplicar revisões e variações no modelo, visando sobretudo torna-lo mais dinâmico e interativo. Foi em meados da década de 1980 que o modelo se transformou em uma versão muito próxima da que é aplicada atualmente.

Etapas do ADDIE:

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Os 5 componentes do modelo ADDIE são:

Análise

A fase de análise pode ser considerada a etapa de “Definição dos Objetivos”. O foco do designer instrucional nesta fase deve ser o público-alvo. Também é neste momento que o programa deve respeitar o nível de habilidades e conhecimento que os participantes demonstram possuir para garantir que o que eles já sabem não seja repetido e, ao invés disso, o foco esteja em tópicos e conteúdos ainda não explorados.

Portanto, é nesta fase que se deve distinguir o que o público-alvo já sabe e o que deverá saber após completar o curso. Existem componentes chave que podem ser utilizados para garantir que esta análise ocorra efetivamente. Textos e documentos relacionados ao curso e a própria Internet podem ser utilizados.

Com a ajuda de materiais on-line como cursos web, uma estrutura poderá ser montada como um guia primário. Ao final do programa, uma análise instrucional deverá ser feita para determinar quais temas ou tópicos devem ser incluídos. A fase de Análise geralmente trata das questões que seguem:

  1. Background geral dos participantes do programa. Informações pessoais e educacionais tais como idade, nacionalidade, escolaridade, experiências anteriores e temas de interesse podem ser considerados. Qual é o público-alvo? Quais são os objetivos de aprendizado, níveis prévios de conhecimento nos temas, nível cultural dos participantes?
  2. O que os participantes devem alcançar ao final do programa. Quais são as necessidades dos participantes?
  3. O que será requerido em termos de habilidades, inteligência, percepção e ação-reação em termos físicos e psicológicos? O que se espera em termos de resultado de aprendizado nas dimensões conhecimento, habilidades, atitudes, comportamento, etc.?
  4. Conhecer métodos popularmente empregados ao se tratar do tema mantendo o foco no que deve ser desenvolvido e melhorado. Revisar estratégias instrucionais já aplicadas verificando se são adequadas. O que mais precisa ser adicionado, detalhado ou melhorado?
  5. Determinar os objetivos-alvo do projeto. Quais os objetivos instrucionais que são foco do projeto?
  6. Determinar as diversas possibilidades de aplicação. O ambiente de aprendizado é conducente ou não? Uma combinação de discussões presenciais ou on-line? O que pesa a favor ou contra as opções on-line ou em sala de aula? Que tipo de ambiente de aprendizado seria o mais indicado? É indicado promover uma combinação das opções sala de aula e on-line? Quais seriam as diferenças em termos de resultado de aprendizado entre as opções?
  7. Determinar os fatores de limitação que afetam o projeto e os seus objetivos. Haverá disponibilidade dos recursos necessários – técnicos, tempo, recursos humanos, habilidades técnicas, recursos financeiros, etc.?

Desenho (Design)

Esta fase determina todos os objetivos, ferramentas a serem utilizadas para alcançar o desempenho, testes variados, estrutura, análise dos temas, planejamento e recursos. Aqui é quando toda a abordagem deve ser feita como planejado seguindo um conjunto bem específico de regras. Essa abordagem sistemática garante que tudo esteja alinhado a uma estratégia racional que visa o propósito primordial que é alcançar os objetivos do projeto. É fundamental estar atento aos detalhes nesta fase. O foco deve estar nos objetivos de aprendizado, no conteúdo, nos exercícios, no plano de aprendizado, nas ferramentas de mediação do conhecimento e na seleção e mídias.

Cada componente escolhido precisa respeitar uma lógica e um propósito e ser enquadrado dentro do contexto macro previsto, sempre visando os objetivos do projeto e sem nos esquecermos do público-alvo e suas características.

Durante a fase de desenho, o Designer Instrucional deve determinar:

  1. Os diferentes tipos de mídia que serão utilizados. Áudio, vídeo e elementos gráficos são exemplos básicos. Serão utilizados elementos de terceiros já existentes ou o DI deverá cria-los?
  2. Variedade de recursos disponíveis para completar o projeto. Quais são os recursos disponíveis para viabilizar o projeto?
  3. Níveis e tipos de atividades a serem promovidas durante o estudo. Elas serão colaborativas, interativas ou por nível de participação?
  4. Qual o estilo de ensino será adotado para cada parte do projeto (ex. behaviorista, construtivista, etc.)?
  5. O tempo estimado para cada atividade. Quanto tempo será designado para cada tarefa e como o aprendizado será implementado (por lição, capítulo, módulo, etc.). Os temas serão tratados linearmente (ex: dos mais básicos para os mais avançados)?
  6. Os diferentes processos mentais demandados dos participantes para que os objetivos do projeto sejam alcançados. Quais são as habilidades cognitivas requeridas para que os participantes consigam atingir os objetivos de aprendizado?
  7. Habilidades e conhecimentos desenvolvidos ao final de cada tarefa. Você tem uma maneira de determinar se tais valores realmente foram adquiridos pelo participante? Qual é o método adotado por você para determinar a aquisição das competências desejadas pelos alunos?
  8. O roadmap de como o projeto aparecerá no papel. É interessante para o DI criar um mapa com as diferentes atividades para verificar se estão em linha com o objetivo do projeto?
  9. Se o projeto é baseado em tecnologias web, que tipo de interface será adotada para o usuário? Você já possui uma ideia de visual e disposição de elementos?
  10. O mecanismo de feedback para determinar se os participantes estão conseguindo compreender bem as lições. Qual mecanismo será adotado para obter o feedback dos alunos sobre o material estudado?
  11. Dada a grande variedade de preferências e estilos de aprendizado dos alunos, qual método você utilizará para garantir que o programa atenda a todos? Como você irá desenhar as atividades para que sejam atrativas para estilos de aprendizado e interesses distintos?
  12. Resgate e confirme a ideia principal do projeto.

Desenvolvimento

A fase de desenvolvimento inicia a produção e os testes da metodologia adotada para o projeto. Nesta etapa os designers fazem uso dos dados coletados nas fases anteriores e utilizam tais informações para criar um programa que se baseie no que deve ser ensinado aos participantes. Se as duas primeiras fases demandaram planejamento e brainstorming, a fase de Desenvolvimento consiste em colocar as ideias em ação.

Esta fase inclui três tarefas chamadas de elaboração, produção e avaliação. Ela objetiva tratar das questões abaixo:

  1. As estimativas de tempo estão coerentes em relação ao que deve ser cumprido em termos de materiais? Os materiais estão sendo criados de acordo com uma agenda de temas?
  2. Existe um trabalho em equipe sendo realizado entre os diversos participantes envolvidos?
  3. Os envolvidos estão contribuindo da melhor maneira possível?
  4. Os materiais produzidos estão respeitando os propósitos previamente estabelecidos?

Implementação

A fase de implementação deve garantir máxima eficiência e a obtenção de resultados positivos. Aqui que o DI é desafiado a redesenhar, atualizar e editar o curso para ajustar o que for necessário visando uma entrega eficaz. O processo é fator chave nesta fase. Nenhum projeto deve ser lançado definitivamente antes de uma avaliação criteriosa do DI, mesmo que isso envolva um período piloto com a participação de estudantes e/ou outros DI´s. É, portanto, uma fase de obtenção de feedback, aprendizado e ajustes.

A validação do Design é realizada na fase de implementação. Os designers desempenham um papel bastante ativo nesta fase crucial para o projeto, quando se deve analisar, redesenhar e melhorar consistentemente o produto do trabalho realizado. Quanto mais especialistas e até estudantes puderem contribuir na fase de implementação, mais eficaz o programa se tornará, sendo que ajustes podem ser aplicados de imediato.

Seguem exemplos do que pode ser determinado nesta fase:

  1. Manter em mãos dados atuais e dados obtidos da experiência e do feedback de estudantes e especialistas para análise e aprimoramento adequado do projeto.
  2. Qual é o feedback emocional obtido de alunos e especialistas durante a exploração inicial do programa? Existe uma demonstração genuína de interesse, críticas ou resistência?
  3. Na medida em que o projeto evolui, avalie o quanto os DI´s envolvidos conseguem realizar o seu trabalho com autonomia ou precisam buscar ajuda.
  4. Planeje como os erros detectados durante os testes serão tratados. O que será feito quando os alunos realizarem as atividades e elas não acontecerem como o planejado?
  5. Foi preparado um plano “B” caso o projeto simplesmente não funcione? Qual será o plano de contingência para solucionar problemas técnicos?
  6. A implementação será feita para um grupo grande ou pequeno de alunos?
  7. Quando o programa for iniciado os alunos terão um certo grau de autonomia para utilizar os conteúdos ou dependerão de orientação constante?

Avaliação

A última fase do ADDIE é a Avaliação. Esta é a parte em que o projeto deve ser meticulosamente testado em relação ao seu funcionamento, identificando o que foi atingido e o que eventualmente não foi. É possível dividi-la em duas partes: Formativa e Sumativa. A primeira parte consiste no período em que testes são realizados por DI´s e alunos. A segunda acontece ao final do programa.

O principal objetivo desta fase é verificar se os objetivos inicialmente traçados para o projeto foram alcançados e identificar o que precisa ser feito para melhorá-lo em termos de eficiência e chances de sucesso através de ajustes pontuais.

Na realidade, cada fase do ADDIE envolve uma avaliação formativa. Trata-se de algo multidimensional que representa uma característica essencial do processo, ou seja, durante o próprio desenvolvimento se deve avaliar resultados preliminares e aplicar correções recomendadas. Quando um programa é concluído deve-se realizar a avaliação sumativa para detectar o quanto o programa foi eficaz no atingimento dos seus objetivos.

Mesmo que em muitos casos esta fase de avaliação seja deixada um pouco de lado por falta de tempo ou questões financeiras, é importante tentar atuar para responder as dúvidas abaixo:

  1. Determinar as categorias em que o projeto pode ser classificado em termos de eficácia da sua proposição de valor (aumentar conhecimentos, melhorar questões motivacionais, etc.). Quais fatores ou critérios serão utilizados para determinar a eficácia do projeto?
  2. Determinar a maneira como dados serão coletados. Como e quando tais dados do projeto serão coletados?
  3. Definir um sistema para análise do feedback dos participantes.
  4. Determinar um método para aplicar mudanças antes do lançamento definitivo do projeto. Em quais bases se definirá a revisão de determinados aspectos do projeto?
  5. Definir um método para medir a relevância e a validade dos conteúdos produzidos ao longo do projeto.
  6. Como avaliar se as informações estão claras. Qual a facilidade de entendimento das mesmas?
  7. Definir uma maneira de armazenar, analisar e graduar as respostas obtidas pelos participantes.
  8. Determinar quem deverá analisar as conclusões finais do projeto. Quem preparará este relatório com tais resultados?

Equipe Clarity Solutions

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Fontes: 

Educational Technology – The ADDIE Model: Instructional Design

Design Instrucional – O que significa ADDIE?