Educação Corporativa

O Poder do Storytelling no e-Learning

storytellingAntes de começarmos este artigo, pare e pense por um momento sobre a última vez em que você assistiu um filme ou documentário que lhe impactou de alguma maneira. Depois disso, pense o que provocou este impacto. Talvez tenha sido por causa dos efeitos visuais ou cenários do filme. Ou pode ser sido porque os personagens lhe tocaram, foram provocativos ou geraram algum tipo de identificação com você.

Por outro lado, talvez naquele momento você somente precisava de uma distração ou fuga do cotidiano. Seja qual for o motivo, na maioria das vezes a razão mais provável para que esta experiência tenha lhe marcado é a história.

(caso você esteja se perguntando, a minha resposta para a questão acima foi o documentário It Might Get Loud, que conta a trajetória de 3 guitarristas bastante conhecidos: Jimmy Page, Jack White e The Edge (do U2). O que mais me marcou foi a passagem que conta como Jimmy Page (ex-Guitarrista do Led Zeppelin) se interessou pela música: ainda jovem ele e seus pais se mudaram para uma nova casa onde o jovem Jimmy encontrou um velho violão que havia sido deixado pelos antigos moradores. O garoto então resolveu aprender a tocar o instrumento e depois se tornou um dos maiores guitarristas da história do rock influenciando outros milhares de músicos pelo planeta. O que me faz pensar: e se ao invés do violão ele tivesse encontrado uma bola de futebol?).

Como designers instrucionais e desenvolvedores de conteúdos, nós normalmente nos vemos presos aos meandros do trabalho – preocupados com os objetos de aprendizado, os métodos de avaliação, os guias de navegação e assim por diante. E é claro que todos esses detalhes fazem todo o sentido e são pontos centrais, mas o que aconteceria se nós respirássemos fundo, nos afastássemos do Storyboard, e escrevêssemos uma narrativa fascinante para guiar os nossos alunos? Uma narrativa capaz de fazer com que os alunos sentissem uma experiência no nível emocional; que provocasse uma mudança para começar ou fazer algo de forma diferente; e que acima de tudo resultasse na mudança significativa que nós realmente estamos almejando – pronto! Eis uma história poderosa!

Por que as histórias são tão importantes para o aprendizado?

Vamos moldar a discussão sobre a importância das histórias para o aprendizado pensando sobre uma situação comum enfrentada por muitos desenvolvedores de conteúdos – treinamentos de compliance – e como duas empresas (fictícias) podem pensar nas suas respectivas soluções.

Com o objetivo de revigorar os seus treinamentos, a Acme Corporation decidiu que não há melhor momento do que agora para atualizar o seu treinamento anual obrigatório sobre a companhia. Seus profissionais de treinamento já definiram os seus tópicos: história da empresa, unidades de negócio, políticas, regulamentos, estatísticas, formulários, etc. Depois de algumas sessões de brainstorm, a equipe reuniu páginas e mais páginas de conteúdos e todos acreditam que estão no caminho certo.

Enquanto isso na Widgets Inc. a equipe de treinamento está trabalhando duro para gerar uma versão atualizada do curso aplicado para todos os colaboradores e que apresenta institucionalmente a empresa. A diferença é que eles decidiram adotar o storytelling. Eles também coletaram informações relevantes, mas a ideia não é somente focar na apresentação de fatos e imagens. Eles optaram por construir uma história bastante clara com começo, meio e fim.

Eles intercalaram elementos como conflitos, tensões, divergências e diálogos. Eles inclusive segmentaram a sua audiência e pensaram em trechos da história que pudessem ser mais relevantes para cada um destes subgrupos. Em última instância, esta abordagem poderá ajudar os alunos a pensarem e agirem de forma diferente quando encontrarem situações específicas no futuro.

E qual a conclusão então? A Widgets Inc. está certa porque usou uma história e a Acme Corporation errada porque não usou? Na verdade não existe certo ou errado neste caso. De fato, as histórias podem ser uma poderosa ferramenta para nos ajudar a apresentar conceitos dentro de contextos. Seguem alguns motivos:

  • Os seres humanos estabelecem conexões uns com os outros. E como profissionais de aprendizado temos a missão de construir experiências que suportem estas conexões.
  • As emoções ajudam a formar tais conexões. Se pudermos desenvolver histórias atrativas que sejam capazes de engajar o público, então aumentaremos as chances de uma informação ou conceito ficarem gravados mais fortemente na memória das pessoas.
  • Os alunos estão sempre pensando ou perguntando: o que este assunto tem a ver comigo? Esta questão é chave. Independente da abordagem, se você não deixar muito claro porque aquele assunto é importante para o público, serão grandes as chances de você perdê-los ao longo do treinamento.

Espere um pouco… Eu não sou um escritor ou contador de histórias!

Acredite ou não, você pode ser um contador de histórias! E a melhor notícia é que basta um pouco de inspiração e boa criatividade ao velho estilo para começar.

A melhor maneira de começar a construir o storytelling dentro de uma estratégia de aprendizado é introduzir personagens e cenários que irão exigir que os alunos tomem decisões e depois entendam as consequências das mesmas. Ao oferecer um espaço seguro para os alunos experimentarem estas consequências e receberem feedback, eles estarão melhor subsidiados para tomar decisões no mundo real. O mais simples design de uma história deve envolver um início (para introduzir a lição), um meio (para posicionar o aluno sobre um problema e permitir que ele encontre uma solução), e um final (para reforçar conceitos e apresentar conclusões).

Além de cenários simples, você pode introduzir dois personagens – um protagonista, que foi desafiado a atingir algum objetivo, e um antagonista, que possui um objetivo diferente. Apesar de poder parecer um pouco restritiva, a clássica abordagem de Estrutura de Três Atos (ver imagem abaixo) poderá guiar tais personagens ao longo da história. Utilizando diálogos realísticos e criando um senso de urgência ou tensão são fatores essenciais para elaborar narrativas interessantes.

storytelling - a estrutura em 3 atos

A abordagem da jornada do herói, comum em contos e fábulas, envolve uma estrutura em que um personagem aceita um desafio ou missão, com a ajuda de poderes sobrenaturais, para superar desafios sequenciais. Quando tudo parece estar perdido, o herói emerge para solucionar todos os problemas. Apesar desta abordagem ser bem mais complexa ela pode agregar ao oferecer elementos para aumentar a confiança dos alunos e pontos de reflexão sobre as suas próprias realidades.

jornada do heroi - grafico do monomito

Três chaves para o poder do storytelling

Acima de tudo, o poder do storytelling é alcançado quando você:

  • O torna pessoal. Novamente, o aluno constantemente questionará “o que isso tem a ver comigo?” Nunca menospreze esta questão.
  • O torna relevante. Todos nós gostaríamos de ter mais tempo para fazer coisas importantes ou que gostamos. Ninguém gosta de perder tempo. Se uma situação específica não for relevante para os alunos, pense seriamente em mantê-la. Concentre-se em escrever conteúdo atrativo e engajador com apelo para os alunos.
  • Mantém o foco no aprendizado. O storytelling é somente mais uma das ferramentas disponíveis. Ela não é a ferramenta. Foque no que os seus alunos precisam aprender e fazer, e como você pode ajudá-los, da melhor maneira possível, a sair do ponto A e chegar ao ponto B.

Equipe Clarity Solutions

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Referências: The Power of Storytelling in elearning – Learning Solutions Magazine